O PT e os movimentos sociais e sindicais contrários ao
impeachment não admitem publicamente que o afastamento da presidente Dilma
Rousseff é cada dia mais provável, mas já apontam o discurso para um possível
governo Michel Temer (PMDB). “Vai ser pior do que foi o segundo mandato de
Fernando Henrique Cardoso (1999-2002). O povo não vai aceitar retrocesso em
direitos conquistados, como propõe o programa do PMDB”, disse Raimundo Bonfim,
da Central de Movimentos Populares (CMP). Um dos pontos do discurso anti-Temer
é o programa “Uma
Ponte para o Futuro”, apresentado pelo PMDB em 2015, que propõe
desvinculação de receitas orçamentárias da educação e saúde, mudanças na
Previdência Social, entre outras medidas que desagradam a base petista. O
presidente do PT, Rui Falcão, disse na quinta-feira (24), que uma eventual
gestão Temer não trará de volta a estabilidade política. “Eles (movimentos
sociais) vão à rua dizendo que não haverá estabilidade com o impeachment,
estabilidade se faz com paz, com a possibilidade de o povo se organizar
livremente e poder chegar às eleições de 2018 que é a data legítima para quem
quer assumir o poder”, afirmou o dirigente petista. Líderes de movimentos que
defendem a manutenção de Dilma, como o Movimento dos Sem Terra (MST), Movimento
dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e CMP, também afirmaram nos últimos dias que
vão para as ruas caso o peemedebista assuma o governo. os aliados de Dilma
apostam na continuidade das investigações da Operação Lava Jato contra líderes
importantes do PMDB, no processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer que
corre no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na continuidade da crise econômica
e nas divisões internas da oposição como fatores de desestabilização de um
possível governo encabeçado pelo vice-presidente.
(IG)