Encurralado pela falta de credibilidade, o Partido dos
Trabalhadores aproveitou a prisão de Delcídio do Amaral (líder do governo
no Senado, eleito por Mato Grosso do Sul), feita pela Polícia Federal na
quarta-feira (25), para reforçar a estratégia de uma faxina geral na imagem. O
comunicado do PT, assinado pelo presidente nacional Rui Falcão, tenta descolar
o partido do escândalo envolvendo o parlamentar, suspeito de tráfico de
influência com o objetivo de facilitar a fuga de Nestor Cerveró, ex-diretor da
Petrobras, condenado na Operação Lava-Jato. Dias antes, a legenda já tinha
decidido desembarcar do apoio a Eduardo Cunha (PMDB/RJ), presidente da Câmara
dos Deputados, envolvido em denúncias e que será julgado por falta de decoro
parlamentar por mentir aos colegas de uma CPI. Agora, além da
provável expulsão de Delcídio, que rapidamente vem ganhando força e que será
decidida pela Comissão Executiva Nacional do PT, há um movimento interno
entre os líderes do partido para negociar com José Dirceu, preso em
Curitiba, sua desfiliação. Para interlocutores que acompanham de perto a
tentativa do partido de voltar às origens, a expulsão de Dirceu seria
traumática demais por causa da relação histórica dele com o PT. Por isso,
o melhor caminho seria o acordo para que ele peça o desligamento do Partido dos
Trabalhadores. O movimento cirúrgico envolvendo Dirceu será parecido com o que foi feito com o
ex-deputado federal André Vargas, que se desfiliou do PT após condenação na
Operação Lava-Jato, em setembro passado.
(IG)