A
Enciclopédia de Medicina Tradicional Matsés, que tem mais de 500 páginas, foi
escrita e editada por indígenas, na sua língua. Os verbetes estão organizados
pelos nomes das doenças, e têm informações sobre a forma de reconhecê-las pelos
seus sintomas, as suas causas e as plantas que podem ser usadas para combatê-las,
com fotos, além de maneiras de preparar o medicamento e alternativas
terapêuticas. O livro foi escrito numa parceria entre anciãos, a maioria com
mais de 60 anos, e indígenas mais novos, descreveu Christopher Herndon,
presidente da ONG, na página de Internet da organização. Enquanto os mais
velhos ficaram responsáveis por idealizar um capítulo da enciclopédia cada um,
os mais jovens transcreveram os conhecimentos e fotografaram as plantas. Na
medicina xamânica tradicional, a floresta e os animais estão envolvidos na
história das plantas e ligados aos motivos ou à cura das doenças. O
conhecimento das técnicas de tratamento, portanto, é também produto de um
aprofundamento espiritual e de laços com o mundo natural. Segundo a Acaté, o
conhecimento dos Matsés está preservado porque o seu contato com culturas
ocidentais ocorreu apenas nos últimos 50 anos, quando os atuais anciãos já eram
adultos e possuíam o conhecimento tradicional passado pelos seus antepassados.
A questão que está sendo trabalhada é a passagem desse conhecimento às novas
gerações, que estavam menos interessadas no conhecimento ancestral.
(Notícia ao Minuto)