Os nomes de algumas
pessoas desaparecidas ou mortas pelo regime militar, logo após o golpe de 1964
que depôs o presidente João Goulart, foram lidos na tarde deste sábado, no
pátio da 36ª Delegacia da Polícia Civil de São Paulo, na Rua Tutóia, 921, no
bairro do Paraíso. Foi uma tentativa teatralizada de ouvir do outro lado das
paredes a resposta de um ente querido e quem sabe salvá-lo da tortura. Mas
nenhum ruído foi ouvido. O silêncio foi quebrado, minutos depois, por uma salva
de palmas da plateia, na apresentação dos atores da Cia de Artes do Baque
Bolado. O grupo artístico foi um dos vários a se apresentar no 2º Ato Unificado
Ditadura Nunca Mais, com o objetivo de reivindicar do governo paulista a
substituição da delegacia por um espaço destinado à preservação da memória das
vítimas da ditadura militar. O prédio foi sede do antigo Destacamento de
Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi).
Hoje é um imóvel tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico
Arqueológico, Artístico e Turístico. Um dos organizadores do ato, o ex-preso
político José Luiz Del Roio defende a transformação do local em um espaço para
peças teatrais, músicas e outras formas de manifestação cultural. “A melhor
forma de combater o fascismo é a cultura”, resumiu ele. Segundo Roio, não há
dados precisos, mas acredita-se que no prédio tenham morrido entre 60 e 80
pessoas.
(IG)