O executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, dono da Setal Engenharia
e um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobras, afirmou em depoimento
à Justiça Federal do Paraná nesta segunda-feira (9) que o "clube" das
empreiteiras passou a combinar resultados de licitações "com o intuito de
se protegerem" desde meados da década de 1990 época em que o país era
presidido por Fernando Henrique Cardoso. Segundo Mendonça Neto, as empresas e a Petrobras instituíram um grupo
de trabalho para discutir e melhorar as condições contratuais. O grupo funciona
até hoje, explicou o empresário. Ele disse que, a partir dessa aproximação, um
grupo de nove empreiteiras passou a combinar com qual delas cada obra ficaria.
A combinação não tinha o conhecimento da estatal, segundo Mendonça Neto. Ele
disse ainda que o cartel passou a ter efetividade a partir de 2004, quando as
empresas passaram a negociar contratos com os ex-diretores da estatal Paulo Roberto Costa e Renato Duque. A
partir daí, segundo o executivo, houve cobrança de propina para que as empresas
obtivessem contratos. "As empresas, com o intuito de se protegerem,
fizeram um acordo entre si de não competirem entre elas mesmas. Naquela ocasião
eram nove companhias e tinham o compromisso de não competir. Cada uma escolhia
uma determinada obra por uma visão de mercado futuro e quando chegasse a vez
daquela companhia, as outras companhias se comprometiam a submeter preços
superiores", afirmou em depoimento.
(G1)