07 abril 2013

CARANDIRU: Acusados de massacre de 1992 vão a júri segunda-feira (8); relembre a história


Detentos tomam banho de sol na Casa de Detenção de São Paulo, localizada na zona norte da capital paulista, em 1975. Inaugurado em 1920, o presídio conhecido como Carandiru ficou marcado por incontáveis rebeliões, quase sempre violentas e com mortes. Em 2002 iniciou-se o processo de desativação do complexo, transformado no Parque da Juventude, um complexo cultural e recreativo de 240.000 m², administrado pelo governo do Estado.

Viaturas da polícia são vistas entrando na casa de detenção em 1981. No projeto inicial, a capacidade máxima de presos para o Carandiru era de 1.200 detentos — lotação atingida entre as décadas de 1920 e 1940. Nos primeiros anos de atividade, o local era considerado um "presídio-modelo". Na década de 1950, a capacidade foi ampliada para 3.250 detentos e com o passar do tempo, as rebeliões, a superlotação e má administração passaram a ser as marcas do local. Em 1992, data do massacre do Carandiru, cerca de 7.000 presos estavam na unidade.

Em 30 de março de 1982, policiais sobem no telhado de um dos pavilhões da Casa de Detenção de São Paulo depois de uma rebelião que terminou com a invasão da polícia e 13 mortos. No entanto, além dos momentos de violência, um dos episódios famosos do Carandiru é a apresentação da dançarina e ex-chacrete Rita Cadillac. A cantora chegou a se apresentar para mais de 7.000 presos durante festa anual da Casa de Detenção de São Paulo. O episódio ficou famoso em todo o País.

Em 1992, após uma briga entre detentos do Pavilhão 9, ocorreu o episódio mais emblemático do complexo do Carandiru. Na tarde do dia 2 de outubro, a confusão entre os presos terminou no episódio conhecido como "massacre do Carandiru". A Tropa de Choque de São Paulo, na época comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, invadiu o presídio deixando um saldo de 111 mortos.

Multidão de parentes e curiosos lota a entrada da Casa de Detenção de São Paulo e espera apreensiva pelo final do confronto entre detentos e policiais. A tragédia do Carandiru ocorreu em uma época de disseminação da violência institucional. Às vésperas das eleições municipais, o massacre pôde ser visto com um reflexo da política de combate radical à criminalidade na capital paulista em que, muitas vezes, a morte era vista como a melhor forma de reprimir o crime.

Segundo a versão dos detentos sobre o massacre, eles já estavam nas salas e desarmados quando a Tropa de Choque da Polícia Militar invadiu o local. Os policiais afirmam que os presidiários estavam armados e preparavam uma tocaia. Na foto, faxineira limpa o chão de corredor do IML (Instituto Médico Legal) enquanto os corpos dos detentos são colocados em caixas provisórias de madeira. Parentes leem lista de detentos e óbitos expostas à frente da casa de detenção. Segundo muitos presos, o número oficial de 111 mortos está abaixo da realidade, já que se afirma que pelo menos 250 detentos foram mortos na invasão.

O coronel da Polícia Militar Ubiratan Guimarães, na época comandante da Tropa de Choque de São Paulo, foi o único acusado pelo massacre do Carandiru que foi julgado. Condenado a mais de 630 anos de prisão, ele não passou um dia na cadeia e acabou absolvido pelos crimes. Ubirantan foi morto com um tiro na barriga em setembro de 2006, em seu apartamento na capital paulista.
(R7)
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