O julgamento do
ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados pelo Supremo Tribunal Federal marca
um ponto de inflexão na história democrática do Brasil. O processo legal, cujos
momentos decisivos se iniciam nesta terça-feira, 2 de setembro, representa não
apenas a responsabilização penal de indivíduos, mas um acerto de contas
histórico com um movimento golpista que tentou subverter a ordem constitucional
e negar a vontade popular expressa nas urnas em 2022.
O evento culminante dessa
escalada foram os ataques de 8 de janeiro de 2023, quando uma horda de
extremistas bolsonaristas invadiu e vandalizou as sedes dos três Poderes em
Brasília, buscando instigar uma intervenção militar que derrubasse o presidente
legitimamente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Os antecedentes da intentona
remontam ao próprio Bolsonaro, principal incentivador do golpe, que desde pelo
menos 2015 semeou dúvidas infundadas sobre a higidez do sistema eleitoral
brasileiro.
De maneira ativa, ainda
durante seu mandato, e mesmo após perder as eleições de 2022, o ex-presidente e
seus aliados empenharam-se de inúmeras formas, bem fundamentadas no processo, a
fomentar alegações falsas de fraude eleitoral, alimentando um caldo de
insatisfação entre seus seguidores mais radicais.
O
Brasil não poderia seguir adiante como se nada tivesse acontecido, varrendo
para debaixo do tapete a tentativa violenta de golpe que, após tantas
iniciativas e conspirações, irrompeu na praça do povo, em 8 de janeiro.
O
julgamento no STF, que o Brasil e o mundo acompanharão a partir desta terça-feira,
é um marco nesse longo processo de acerto de contas com o passado recente e de
reafirmação do compromisso coletivo do país com a democracia e o Estado de
Direito.
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