Mesmo com o establishment da mídia majoritariamente contra o governo,
sei lá se por ideologia, conveniência ou ambos, descobrimos existir uma elite
do Congresso que não é apenas reacionária e autoritária: também tem o queixo de
vidro, incapaz de sustentar o embate que ela própria provocou sem gritar
"falta!" quando encontra resistência.
Bom é se esconder atrás de parte considerável de uma cobertura
jornalística preguiçosa e antipobre, que se limita a tonitruar: "Cortem
gastos!", sem nunca dizer, afinal de contas, onde se deve operar a
amputação. No salário mínimo? Na aposentadoria? Na Saúde? Na Educação? Cortar,
afinal de contas, o quê? Sem contar as pesquisas amigas, sempre prontas a
antecipar o resultado da eleição de 2026, com candidato já escolhido. Só falta
encomendar o terno da posse e combinar com Jair Bolsonaro...
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), chamou ou não de
"histórica" a reunião do domingo de 8 de junho entre a cúpula do
Congresso e os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Gleisi Hoffmann
(Secretaria das Relações Institucionais)? E o que se acertou ali senão um novo
decreto do IOF e as demais medidas, com formato então a ser definido, para o
cumprimento do arcabouço fiscal? Na terça, dia 10, tudo havia mudado, até
culminar com a ursada do dia 24, quando, às 23h40, o presidente da Câmara pautou
o inconstitucional PDL para ser votado no dia seguinte. Isso não é matéria de
gosto, mas de fato. Às 23h42, o senador Ciro Nogueira, pré-candidato a vice do
pré-eleito Tarcísio de Freitas, retransmitiu o anúncio a seus contatos. Sim, há
setores da elite brasileira tão singulares que deram à luz o pré-eleito e o
pré-presidente... É uma espécie de versão turbinada, para tempos digitais, do
"Collor caçador de marajás”.
(Reinaldo Azevedo)
0 comments:
Postar um comentário