O agricultor José Marcelino, 80 anos,
convive há mais de setenta décadas com o solo infértil da zona rural da cidade
de Irauçuba, no Ceará. O município, junto com Gilbués (PI),
Seridó (RN) e Cabrobó (PE), compõe a área de mais avançado processo de
desertificação do Brasil. Zelino, como é conhecido na comunidade onde mora,
Mandacaru, nasceu em Sobral e se mudou ainda criança, com os pais, para a zona
rural de Irauçuba, a 154 km de Fortaleza. "Meus pais saíram de Sobral para
fugir da seca, mas quando chegamos a Irauçuba, o negócio estava era pior. A
terra era dura demais e, mesmo quando caía uma aguinha, ela ficava seca, virava
poeira. Para colher alguma coisa, era complicado", afirmou. O que Zelino
chama de “terra dura” é o terreno rochoso, característico da área, seco e
submetido a um baixo volume de chuva, resultado também de décadas de queimadas
e monoculturas que sugaram seus nutrientes. O processo pelo qual o solo vai se
tornando empobrecido até ficar improdutivo chama-se de desertificação. "Era
difícil encontrar por aqui na cidade terra boa para se plantar, o solo era sem
vida. O feijão nascia, às vezes, mas não se desenvolvia. A planta morria logo.
O milho não brotava. Nem o capim, que dá em todo canto, não nascia", disse
outro agricultor João Alcides Pereira, da mesma comunidade.
(g1)

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