31 janeiro 2021

Sob risco de demissão: Ernesto Araújo enfrenta tempestade perfeita com China, Índia e EUA

Na quarta-feira (27/01), enquanto o vice-presidente Hamilton Mourão afirmava que o chanceler Ernesto Araújo deverá deixar o comando do Ministério das Relações Exteriores em breve, Araújo aplaudia e ria dos insultos que o presidente Jair Bolsonaro disparava contra a imprensa em uma churrascaria de Brasília. Os eventos podem parecer contraditórios, mas exprimem a encruzilhada no destino de Araújo. O chanceler, visto como um dos últimos representantes da pauta ideológica de Bolsonaro na Esplanada, é também o executor de uma política externa que começa a trazer dificuldades palpáveis aos interesses econômicos e sanitários nacionais. Nas últimas semanas, isso se traduziu em falta de proximidade diplomática que destravasse o envio da China e da Índia de doses de vacina e de insumos para produzir centenas de milhões de imunizantes no Brasil, além da escassez de pontos de diálogo com o recém-empossado governo democrata de Joe Biden, que já anunciou a agenda ambiental como um dos pontos centrais de seu governo. Como resultado, a demissão de Araújo virou uma demanda de grupos políticos cada vez mais diversos. Se, por um lado, ele é um ativo ideológico de Bolsonaro, por outro, passou a representar um risco eleitoral em um país com 220 mil mortes na pandemia e em crise econômica.


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