05 dezembro 2020

Vale tudo: STF perde credibilidade ao aceitar reeleição de presidentes na Câmara e no Senado

A provável aceitação, por parte do STF (Supremo Tribunal Federal), da reeleição para os cargos de presidente na Câmara e no Senado é uma afronta ao texto da Constituição Federal e põe em risco a credibilidade da mais alta corte do país. Essa é a opinião de juristas, que afirmam não haver margem para a interpretação dada pelos cinco ministros que já votaram a favor da permissão.

 

O Supremo começou a julgar nesta sexta-feira (4) se seria possível um novo mandato ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e ao do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

 

Dos cinco ministros que votaram até o momento, todos a favor da reeleição, apenas um, Nunes Marques, fez a ressalva de que a liberação só poderia ser dada para uma única reeleição, o que tiraria Maia do páreo, afinal ele já está em seu terceiro mandato.

 

"A Constituição é muito clara ao proibir essa possibilidade", diz o especialista em Direito Penal e Constitucional Acacio Miranda da Silva Filho. "O artigo 57, em seu parágrafo quarto, veda a recondução para um novo mandato, não há o que discutir."

 

Silva Filho conta que a lei já foi interpretada no passado, e saiu dessa análise a aceitação de dois mandatos seguidos, desde que ocorresse em legislaturas diferentes.

 

O jurista enfatiza que a única saída possível para se permitir a reeleição de Maia e Alcolumbre é uma mudança no texto constitucional. "Em 1997, no governo do Fernando Henrique Cardoso, fizeram uma PEC [Proposta de Emenda à Constituição] alterando a lei para permitir a reeleição do presidente. Deveria ter sido esse o caminho novamente", afirmou.

 


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