O ministro do Interior da Turquia, Efkan Ala, afirmou nesta
sexta-feira (15) que a tentativa de golpe de Estado no país foi repelida pelas forças
leais ao presidente Recep Tayyip Erdogan e ao primeiro-ministro Binali
Yildirim. De acordo com Ala, os líderes da revolta foram presos e a situação
agora está "sob controle". No final desta noite, o presidente Erdogan
- que aterrissou no aeroporto de Istambul, onde foi recebido por uma grande
aglomeração de apoiadores - confirmou que a tentativa de golpe de Estado na
Turquia foi derrotada. O golpe teria sido liderado pelo oficial Muharrem Kose,
removido do Estado-Maior em março passado, mas Erdogan acusou o movimento
Gülen, liderado pelo clérigo exilado nos Estados Unidos Fethullah Gülen, de
estar por trás da revolta. Gülen, que nega qualquer envolvimento, lidera uma
ampla organização que se diz laica, mas prega uma vertente moderada do
Islamismo. Considerado um dos muçulmanos mais influentes no mundo, o clérigo
era aliado do presidente, mas rompeu com ele em 2013, após o governo ter
fechado instituições de ensino gülenistas. O Estado-Maior do Exército da
Turquia havia anunciado no início da noite desta sexta-feira (15) a tomada do
controle do país. "Para recuperar nossos direitos humanos, constitucionais
e democráticos, estamos oficialmente assumindo o controle", dizia uma declaração
da ala das Forças Armadas responsável pela revolta. "Ainda sou presidente
da Turquia e comandante-em-chefe. Resistam ao golpe de Estado nas ruas e nos
aeroportos", disse o mandatário, por meio de um vídeo transmitido via
smartphone, após o anúncio do golpe. Durante toda a revolta seu paradeiro era
desconhecido, mas logo após o anúncio da vitória governista ele aterrissou em
Istambul. Apesar da derrota dos golpistas, a crise na Turquia pode ter efeitos
incalculáveis. O país faz fronteira com a Síria e integra a coalizão
internacional contra o Estado Islâmico. Além disso, faz parte da Organização do
Tratado do Atlântico Norte (Otan), principal aliança militar do planeta. Na
política interna, Erdogan pode ganhar o argumento ideal para seguir seu
processo de concentração de poder e de repressão a grupos adversários.
(Band)