“Eu fui espancada por ele [Coronel
Ustra] ainda no pátio do Doi-Codi. Ele me deu um safanão com as costas da mão,
me jogando no chão, e gritando 'sua terrorista'. E gritou de uma forma a chamar
todos os demais agentes, também torturadores, a me agarrarem e me arrastarem
para uma sala de tortura”. Uma das milhares de vítimas da ditadura militar,
Amelinha Teles, descreveu assim seu encontro com Carlos Alberto Brilhante
Ustra, conhecido como “Coronel Ustra”, o primeiro militar reconhecido pela
Justiça como torturador na ditadura. “Ele levar meus filhos para uma sala, onde
eu me encontrava na cadeira do dragão [instrumento de tortura utilizado na
ditadura militar parecido com uma cadeira em que a pessoa era colocada sentada
e tinha os pulsos amarrados e sofria choques em diversas com fios elétricos
atados em diversas partes do corpo], nua, vomitada, urinada, e ele leva meus
filhos para dentro da sala? O que é isto? Para mim, foi a pior tortura que eu
passei. Meus filhos tinham 5 e 4 anos. Foi a pior tortura que eu passei”, disse
a ex-militante do PCdoB. O militar lembrado pelo parlamentar foi
chefe-comandante do Destacamento de Operações Internas (DOI-Codi) de São Paulo
no período de 1970 a 1974. Em maio de 2013, ele compareceu à sessão da Comissão
Nacional da Verdade. Apesar do habeas
corpus que lhe permitia ficar em silêncio,
Ustra respondeu a algumas perguntas. Na oportunidade, negou que tivesse
cometido qualquer crime durante seu período no comando do Destacamento de
Operações Internas paulista. Na segunda-feira (18), Amelinha integra a Comissão
de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e é assessora da Comissão da
Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva. Para ela, a homenagem de Bolsonaro a um de seus torturadores pode ser o resgate de uma
das páginas mais tristes da história do Brasil. “O que significa essa
declaração do deputado é que ele quer que o Estado brasileiro continue a
torturar e exterminar pessoas que pensem diferente dele. Que democracia é essa
que quer a tortura, a repressão às pessoas que não concordam com suas ideias?”.
19 abril 2016
Reginaldo Monteiro

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