O juiz Sérgio Moro, responsável
pelos processos da Operação Lava Jato, parecia estar fazendo um
trabalho indefectível, pela sua rigorosidade, agilidade e discrição, além
de aparente ausência de motivações políticas. Entretanto, segundo o
colunista Rafael Rodrigues, do site Huffpost Brasil, algumas dessas
características começaram a se tornar frágeis.
1. Precisão
Moro autorizou a condução
coercitiva do ex-presidente Lula para depor à Polícia Federal, realizada
no dia 04 de março. Tal ação é usada quando o convocado a depor não
comparece perante as autoridades (artigo 201 do Código de Processo
Penal). Acontece é que o ex-presidente já
havia prestado depoimento à PF em três oportunidades, uma delas no início deste
ano. Agendou-se o horário e o ex-presidente compareceu, sem a necessidade
de conduzi-lo coercitivamente.
2.
Discrição
O juiz Moro afirmou diversas
vezes que só se manifesta pelos autos dos processos, porém, durante as
manifestações do dia 13 de março que
pediam o impeachment da presidente
Dilma Rousseff, ele divulgou uma nota se
dizendo "tocado" pelo apoio que os manifestantes prestaram
a ele e à operação Lava Jato. "Importante que as autoridades eleitas
e os partidos ouçam a voz das ruas", causou estranhamento o fato de ele se
retratar com tamanha rapidez.
3. Ausência de
motivações políticas
O caso mais grave ocorreu em 16
de março, quando o juiz levantou o sigilo de gravações feitas, através de
grampos autorizados pela justiça, em telefones usados pelo ex-presidente
Lula. A suspensão do sigilo dessas gravações é fato gravíssimo,
porque agentes públicos com foro privilegiado não estão sob a jurisprudência do
juiz, já que nas conversas gravadas ouviam-se membros abrangidos pelo
foro. Tais diálogos deveriam ser remetidos, sob sigilo, ao STF, e a
reação do juiz Moro de divulgar o conteúdo das gravações continua sendo
largamente questionada no meio jurídico. Em poucos dias, o juiz
Sérgio Moro conseguiu inflamar ainda mais os que são contra e a favor do
governo. Ele pode ter, inclusive, prejudicado substancialmente a
operação Lava Jato.