Alergia, principalmente a respiratória, é uma das doenças crônicas mais
comuns entre as crianças. Atualmente, 20% dos pequenos sofrem de rinite ou asma
logo nos primeiros anos de vida. A chance de desenvolver o problema duplica se
um dos pais é alérgico e quase quadruplica se ambos são. “O que acontece é que,
normalmente, diante dos sintomas e até do diagnóstico, os pais se preocupam
somente com os medicamentos, quando deveriam atentar também para o ambiente em
que os filhos vivem e reduzir a exposição da criança aos alérgenos”, destaca
Magda Carneiro-Sampaio, imuno-alergologista e presidente do Conselho Diretor do
Instituto da Criança do Hospital das Clínicas. E é no quarto, onde as crianças
passam grande parte do tempo, que mora o problema.Para as famílias cujos filhos
já foram diagnosticados alérgicos e até mesmo para as grávidas que estão
montando o quarto do futuro bebê, os especialistas relacionam os itens da receita
para um quarto clean e sem contraindicações, tanto para crianças saudáveis como
para as alérgicas. Confira:
- Antes da chegada do pequeno, analise os cômodos e elimine focos de
infiltração e umidade para evitar o mofo, outro alérgeno em potencial.
- O quarto mais ensolarado deve ser o quarto do bebê. Posicione a cama
de modo que receba luz solar. Ácaros vivem muito bem em temperaturas próximas a
36ºC, mas quando ultrapassa os 50ºC, eles morrem. Então, expor colchão e
travesseiro ao sol é recomendado para eliminar pelo menos os que estiverem na
superfície. Quando isso não for possível, utilize capas antialérgicas para
colchão e travesseiro. Elas são feitas de um tecido especial, com poros
milimétricos, que impedem que os ácaros escapem.
- O ideal é que o travesseiro seja trocado uma vez ao ano. Evite os de
pena, pois ela é alérgena.
- Magda recomenda que os lençóis sejam trocados duas vezes por semana, o
cobertor ideal é o tipo japonês, ou futton, e os felpudos estão proibidos.
Escolha o travesseiro de espuma e troque-o anualmente para evitar acúmulo de
micro-organismos que a fronha não barra. Os de pena devem ser evitados, pois o
pelo também é um alérgeno perigoso. “A cama é quente e abafada, características
que propiciam a proliferação de ácaros e fungos, por isso deve receber atenção
especial. Se a criança dorme com muita frequência no quarto dos pais esse
cuidado deve ser extensivo à cama do casal”, salienta Magda.
- Um quarto arejado diariamente por, no mínimo, duas horas diárias, é
imprescindível para a saúde das vias aéreas. “Famílias adeptas ao ar
condicionado devem deixar o ar circular abrindo as janelas. Também é importante
limpar os filtros periodicamente”, afirma Magda;
-Diariamente, descamamos cerca de 1g de pele por dia. Por terem a pele
mais seca, alérgicos podem descamar até dez vezes mais. Ácaros, por sua vez, se
alimentam de restos de pele, portanto, doutor Pastorino não recomenda bater o
lençol no quarto. Além disso, hidrate bem a pele da criança.
- Ao se movimentar na cama, os ácaros recirculam para o ar. O mesmo
ocorre ao varrer os cômodos. Por isso, o ideal é usar rodo e pano úmido para
higienização dos ambientes domésticos.
- Não use produtos de limpeza muito perfumados. Eles favorecem a
irritação das vias aéreas das crianças com rinite.
- Evite acumular livros e outros objetos que acumulem pó e mofo.
- Para aparar o sol da janela, prefira persianas inteiriças às cortinas
e as persianas modulares. As inteiriças são mais fáceis de limpar;
- Evite prateleiras acima do berço. Normalmente, seu uso inclui bichos
de pelúcia e outros objetos que atraem poeira. Para guardar esses objetos, de
preferência aqueles de plástico ou material de fácil limpeza, doutor Pastorino
recomenda um baú de plástico, que seja fácil de higienizar.
- Carpetes devem ser evitados do contato com a criança alérgica. A
melhor opção, neste caso, são os pisos lisos de madeira ou de vinil.