O Banco Central intimou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a prestar esclarecimentos até o fim desse mês
sobre contas no exterior ligadas ao peemedebista. O processo pode resultar em
cobrança de multa pelos valores mantidos fora do país e não declarados ao BC
nem à Receita Federal. A investigação do Banco Central é
relativa apenas às contas na Suíça reveladas no ano passado atribuídas a Cunha
e que já são alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a
análise feita pelos técnicos do BC, que já está em poder dos investigadores do
Ministério Público Federal (MPF), há indícios de que Cunha manteve milhões de
dólares no exterior, sem declarar, por pelo menos sete anos, entre 2007 e 2013.
Os advogados de Eduardo Cunha disseram que já foram notificados e que irão
apresentar a defesa do deputado em breve. Em entrevista ao G1 e à TV Globo, em
novembro do ano passado, Cunha reafirmou que não tem contas bancárias nem é proprietário,
acionista ou cotista de empresas no exterior. Cunha admite, porém, ser
"usufrutuário" de ativos mantidos na Suíça e não declarados à Receita
Federal e ao Banco Central porque, segundo afirmou, são recursos que obteve no
exterior, mantidos em contas das quais não é mais o titular. O saldo nas contas
atribuídas à Cunha variou ao longo do tempo. Em 31 de dezembro de 2007, por
exemplo, ele tinha US$ 4,2 milhões nas contas. Em 2008, US$ 2,5 milhões. Em
2009, o saldo era de US$ 4,3 milhões. Já em 2013, último ano analisado, as
contas tinham saldo de US$ 3,1 milhões. A esposa de Cunha, a jornalista Claudia
Cruz, também terá de explicar porque manteve no exterior, sem declarar, durante
pelo menos seis anos, valores entre US$ 130 mil e US$ 330 mil, e também pode
ter de pagar multa.
(G1)