Preocupado com o desgaste da imagem do partido, associada a conceitos
como “golpismo” e “autoritarismo”, o PSDB decidiu lançar ainda em dezembro
um documento com proposta para o País, tanto no campo social, quanto na
economia. O texto pretende traçar um diagnóstico do Brasil e explicitar os
caminhos a serem defendidos pelos tucanos em seus discursos, com o objetivo de
reverter a situação de crise. O lançamento marca uma tentativa dos tucanos de
mudar a ideia de “inconformismo” com o resultado das eleições de 2014. A ideia
de que não aceitaram a derrota e que passaram todo ano de 2015 se dedicando ao
impeachment da presidente Dilma Rouseff é considerada determinante para a
rejeição a lideranças do partido identificadas em pesquisas recentes. Nos
bastidores, tucanos admitem que a estratégia “foi um erro”, e apontam o
alinhamento com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), agora denunciado
por corrupção no esquema investigado pela Operação Lava Jato, como o equívoco
mais grave cometido pelo partido. Além disso, muitos integrantes do PSDB
apontam o líder do partido na Câmara, Carlos Sampaio (SP), como o principal
responsável pelo erro de se aproximar de Cunha. Sampaio, que saiu em defesa de
Cunha concedendo a ele o “benefício da dúvida” por ocasião da apresentação da
denúncia, é visto hoje por companheiros de partido mais como um “problema”, que
como líder.
(IG)