O atual presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, teria
recebido US$ 5 milhões em propina para liberar dois contratos da Petrobras
entre os anos de 2006 e 2007. A acusação foi feita pelo consultor Júlio Camargo
em depoimento de delação premiada realizado nesta quinta-feira (16), na Justiça
Federal do Paraná, em Curitiba. De acordo com Camargo, consultor ligado à
empresa Toyo Setal, partiu do próprio Cunha a pressão do pagamento da propina,
que o atual presidente da Câmara teria lhe pedido pessoalmente. O dinheiro é
referente a dois contratos de cerca de US$ 1,2 bilhão relativos a
navios-sonda – projetados para perfuração submarina – para a Petrobras. Em nota
à imprensa, Cunha negou com veemência o conteúdo das acusações de Camargo, às
quais chamou de mentiras, e desafiou o delator a comprová-las. "É
muito estranho, às vésperas da eleição do Procurador Geral da República e às vésperas
de pronunciamento meu em rede nacional, que as ameaças ao delator tenham
conseguido o efeito desejado pelo Procurador Geral da República, ou seja,
obrigar o delator a mentir", atacou o presidente da Câmara. Por ser
um depoimento de delação premiada, Camargo não teve direito ao
silêncio e precisou responder a todas as perguntas dos procuradores. Caso
alguma acusação que faça seja comprovada posteriormente uma mentira, bem como a
incriminação a alguém que não seja culpado, ele corre o risco de perder
o acordo atual, além de ser responsabilizado criminalmente por isso.
(Último Segundo)