Extorsão mediante sequestro virtual ou autoarrebatamento, expressões técnicas utilizadas pela Polícia Civil para designar os tão conhecidos “falsos sequestros” que ocorrem por meio de ligações telefônicas vindas de presídios em todo País. Palavras que denominam um tipo de crime cada vez mais frequente em Bauru, mas que a família de uma educadora física de 53 anos, moradora da Vila Falcão, só pensa em esquecer. Após receber uma ligação informando o sequestro do filho de 15 anos e ouvir uma voz parecida com a do garoto – que participava de um jogo de futebol com os colegas em um bairro distante na ocasião -, a mulher (os nomes das vítimas foram preservados por questão de segurança) se desesperou e iniciou, a pé, uma “maratona” pela cidade, realizando operações bancárias e cumprindo exigências dos bandidos por telefone. A mando dos criminosos, a educadora chegou a se hospedar sozinha em um hotel na zona sul, e ligou para o marido – que não sabia da informação sobre o suposto sequestro do filho – dizendo que era ela quem havia sido sequestrada. Ao todo, a mulher passou mais de 21 horas a disposição dos criminosos. Desespero que resultou em prejuízo de quase R$ 10 mil reais. A descoberta sobre o crime só ocorreu no dia seguinte, após a Polícia Civil ser acionada por um amigo do casal, que suspeitou do nervosismo do marido. Após rastreamento do celular, a mulher foi encontrada caminhando desolada pela região central de Bauru. Apesar da situação ‘fictícia’ criada pelo bandido do outro lado da linha, o falso sequestro não tem nada de irreal. “É uma violência psicológica que chega a ser mais grave do que uma violência física. Porque ela deixa marcas e traumas que demoram a ser tratados nas vítimas”, pontua o delegado seccional de Bauru, Ricardo Martines. Ao incutir na vítima o desespero, o criminoso a mantinha ao telefone, impedindo-a de checar o paradeiro do filho. Nervosa com pedidos de socorro, ela acabou falando o nome garoto e informações da família, fortalecendo, inconscientemente, o elo com o criminoso. “A maioria das vítimas extorquidas são do sexo feminino, mães de filhos adolescentes”.
(JCnet)