As quase 800 mil curtidas da página do Revoltados Online no
Facebook mostram um claro apoio de alguns setores da sociedade à principal
bandeira do grupo: o impeachment de Dilma Rousseff. No entanto, se houver
alguém com interesse real em se juntar às lideranças do movimento, terá de
respeitar algumas regras criadas por seu fundador, Marcello Reis, de 40 anos.
Para se tornar coordenador do grupo são necessárias três características
primordiais: naturalmente, ter como objetivo a derrubada da chefe do Executivo;
não ser filiado a nenhum partido político, já que o movimento se define como
apartidário; e, por fim, seguir o cristianismo. Os outros protagonistas dos
atos recentes – Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre – afirmam não ter
regras específicas para filiação. "Nunca vou colocar um ateu
dentro do Revoltados Online. Afinal, por que eu daria uma função importante
para uma pessoa que não acredita no que acredito?", diz Reis em entrevista
realizada na sede do grupo que fundou em 2004, localizada na região central de
São Paulo. "Pregamos o lema 'juntos, somos mais fortes, e com Deus na
nossa frente, somos imbatíveis. E é assim que agimos." A ligação de Reis e
seus seguidores com a religião cristã fica patente a qualquer pessoa que
permaneça por mais de alguns minutos em um ato do grupo. Em meio à execução da
canção "Impeachment", da banda parceira Os Reaças, e do Hino Nacional
Brasileiro, o Revoltados Online reza sempre o "Pai Nosso". A prece
costuma ser puxada pelo próprio Reis, com a mão direita sobre os olhos e o
braço esquerdo erguido para o ar. "Não estamos preocupados se o budista ou
seguidores de outras religiões que estarão no protestos rezarão o 'Pai Nosso'.
Ninguém é obrigado a seguir nossa fé. Mas nós servimos a Deus e se a pessoa que
está lá não o segue não sei o que ela está fazendo no nosso protesto",
afirma ele, cujos textos postados nas redes sociais não raro vêm
acompanhados de citações de salmos da Bíblia.
(IG)