Depois de três meses suspensa por decisão
liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), a chamada "lista suja" do
trabalho escravo deverá voltar a ser publicada nesta segunda-feira, após uma
manobra do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e da Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República (SDH). Na semana passada, o
Ministério e a Secretaria assinaram uma nova Portaria Interministerial que
atualiza as regras para a publicação da lista, tornando ineficaz a anterior,
que foi afetada pela liminar do STF. A lista é considerada um dos principais
instrumentos de combate ao trabalho escravo no Brasil, e um modelo para outros
países. A partir dela, empresas e bancos públicos podem negar crédito, empréstimos
e contratos a fazendeiros e empresários que usam trabalho análogo ao escravo.
O ministro do Supremo Ricardo Lewandowski – que, em dezembro de 2014, decidiu
sozinho pela suspensão imediata da lista durante o recesso de final de ano da
corte – havia acatado um pedido da Associação Brasileira de Incorporadoras
Imobiliárias (Abrainc), organização que reúne algumas das principais
empreiteiras do país. Entre as
construtoras que fazem parte da associação estão Andrade Gutierrez, Moura
Dubeux e Odebrecht, denunciada pelo Ministério Público do Trabalho por uso de
trabalho escravo após reportagem da BBC Brasil.
(Terra)