A Comissão de Direitos Humanos e Minorias
(CDHM) da Câmara dos Deputados encaminhou pedido de esclarecimentos ao
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e ao Procurador-Geral do
Ministério Público do Estado, Márcio Fernando Elias Rosa, a respeito das
denúncias de agressão à travesti Verônica Bolina, ocorridas no 2º Distrito
Policial (DP), no Bom Retiro (centro da capital). Verônica está presa há
uma semana, suspeita de tentar matar uma idosa, de acordo com a Secretaria da
Segurança Pública (SSP). No domingo, Verônica teria exposto sua genitália e
“começado a se masturbar” dentro da cela, o que teria revoltado outros presos,
ainda segundo a SSP. Um carcereiro, então, teria entrado na cela para conter a
situação e retirá-la do local, quando foi atacado por Verônica com uma mordida
na orelha. Após o episódio, começou a circular nas redes sociais uma foto de
Verônica com o rosto desfigurado, os seios à mostra, o cabelo raspado e as mãos
e os pés algemados, sentada no chão em meio a diversos policiais. O
presidente da CDHM, deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), informou que a
comissão quer apurar se houve crimes de “tortura, agressão, racismo e
homofobia” praticados pelas autoridades. No ofício enviado a Alckmin e ao MP-SP
ele pede “rigorosa apuração do ocorrido, com vistas à punição exemplar dos
culpados” e afirma que “nenhum ato que tenha sido praticado pela vítima, em
legítima defesa ou não, tem o condão de justificar tamanha violência policial”.
A Defensoria Pública, que acompanha o caso, afirma que há indícios de tortura.
Da mesma forma, a Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo
informa que Verônica relatou ter sofrido agressão de policiais militares e de
policiais “de preto”, em referência aos agentes do Grupo de Operações Estratégicas
(GOE). De acordo com a travesti, as agressões teriam ocorrido no momento da
prisão, durante a troca de cela e, ainda, no Hospital do Mandaqui, para onde
foi levada para atendimento médico.
(Terra)