12 março 2015

REFORMA POLÍTICA: Polarização abafa debate sobre financiamento de campanha

A Operação Lava Jato completa um ano este mês com a divulgação de uma lista de investigados que inclui até os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, suspeitos de terem suas campanhas financiadas ilegalmente pelas maiores empresas do País. Embora a ação da Polícia Federal sugira que o financiamento privado a campanhas políticas seja a espinha dorsal da corrupção no Brasil, o revanchismo da oposição e os erros de articulação do governo abafam o debate sobre a reforma política e alimentam na sociedade uma solução simplista para a crise: destituir ou, pelo menos, "sangrar" a presidenta Dilma Rousseff. Ao todo, 49 políticos foram incluídos na denúncia do Ministério Público. Nomes graúdos, diretamente ligados a Dilma e a seu adversário na última eleição presidencial, Aécio Neves (PSDB-MG), constam na lista, como os ex-ministros da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT-RS) e Antonio Palocci (PT-SP) e o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), que assumiria um "superministério" de infraestrutura na gestão tucana. Em um caso separado, mas também envolvendo corrupção e financiamento ilegal de campanha, o MPF pediu investigação contra o senador Agripino Maia (DEM-RN), coordenador de campanha de Aécio em 2014. Nem assim a possibilidade de uma reforma política comove a população, seja a turma que no domingo 15 promete "parar o Brasil" para pedir o impeachment de Dilma ou os governistas que insistem em minimizar a corrupção atual ao lembrar que ela já existia em gestões tucanas. O "panelaço" contra Dilma no domingo 8 impeliu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) a ir a público desestimular o impeachment ao afirmar, na segunda-feira 9, que "o modelo de presidencialismo de coalizão" é que se esgotou. A preocupação do tucano com as instituições, entretanto, não faz com que ele se disponha a socorrer Dilma. "O momento não é para a busca de aproximações com o governo, mas com o povo", disse FHC no Facebook. Mais explícito foi o senador tucano Aloysio Nunes (SP), vice na chapa presidencial de Aécio em 2014: "Não quero que ela saia, quero sangrar a Dilma".
(Carta Capital)
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