Uma cidade sem infraestrutura, de trânsito
caótico e um sistema de saúde desastroso. Assim é Conacri, capital da Guiné,
que tem dois milhões de habitantes e é um dos focos da epidemia de Ebola que
assola parte da África. Ana Paula Padrão esteve no local para produzir
uma reportagem especial sobre o tema, mostrando como é o cotidiano de quem lida
com a doença. Pelas ruas, ela enfrentou um clima de constante tensão não só por
causa do vírus, mas pela hostilidade que parte da população mostrou.
Estigmatizados pela doença, muitos guineanos não querem que ninguém grave seus
rostos. É impossível não observar que a primeira atitude seria evitar
lugares com aglomeração. Apesar disso, não é uma postura viável em uma cidade
grande que não tem transporte público e onde mais de seis pessoas costumam
dividir o mesmo táxi. De fato não é tão fácil contrair o vírus mortal.
Para ser infectado, é necessário que a pessoa, após tocar fluidos corporais de
um doente, toque em uma mucosa, como a da boca, olhos ou nariz. E o problema é
justamente esse: em uma país carente de infraestrutura, como ensinar higiene às
pessoas que não têm acesso à esgoto ou energia elétrica? Por isso, as
mãos se tornaram o principal inimigo para evitar o vírus. É necessário lavá-las
constantemente com água clorada, o que acontece em poucos locais, já que grande
parte da população nem sequer aprendeu sobre como evitar a doença.
(Band)