03 outubro 2014

PEDERNEIRAS: Retomada de terreno pela prefeitura sem notificação revolta empreendedor

Em 2008, a prefeitura de Pederneiras permitiu o uso de um lote localizado no Parque Industrial Fuad Raazuk ao empreendedor Paulo Henrique Olbera Scarlassara. O objetivo era a instalação e o desenvolvimento de atividade do comércio atacadista de resíduos de papel, papelão e sucatas. A área possui de 5.000 m². A permissão foi de iniciativa da então prefeita Ivana Camarinha.

Em maio último, Scarlassara protocolou na prefeitura o projeto de construção do prédio para aprovação e recolheu as taxas exigidas. Dias depois teria surpreendido por informação oficiosa, de que o terreno não mais estava cedido a ele. “Contratei e paguei arquiteta, paguei alvará de funcionamento para 2014, quitei com a prefeitura o que ela cobrou, e deu nisso”, disse.

Sem notificação
Ao tomar conhecimento de que a prefeitura havia retomado o terreno, Scarlassara protocolou requerimento ao prefeito Daniel Camargo – não respondido até o momento, segundo ele - alegando que não lhe foi oportunizado direito de defesa, pois sequer houve notificação prévia da decisão, medida que, pelos documentos disponibilizados ao blog, foi adotada em relação a outras empresas, concedendo-lhes direito de esclarecimentos. “Não me notificaram em nenhum momento sobre a retomada do terreno, nem que o haviam cedido a outra empresa em outubro de 2013. Então por que me cobraram alvará de licença este ano e taxas sobre o projeto de construção em 2014, se o terreno já havia sido cedido a outra empresa no ano passado?”, questionou.

Parecer da procuradoria jurídica da prefeitura justificou que a retomada do terreno se deu porque o permitente teria cumprido os prazos para início e término das obras, previstos em lei municipal. Scarlassara alega que nenhuma empresa beneficiada com permissão de uso pela prefeitura nas proximidades de seu terreno construiu até final de 2013. “No local não havia esgoto, arruamento, calçamento, guia, água, luz ou telefone. Não havia nada. Apenas neste ano é o distrito foi estruturado para receber a instalação de empresas”.

Desvio de finalidade
Scarlassara já desembolsou cerca de R$ 29 mil entre serviço de aterro, terraplenagem, muro e alambrado no terreno. Ele afirma que em Pederneiras há terrenos públicos cedidos ou doados a empresas que não funcionam, não geram qualquer emprego. Segundo ele, alguns desses terrenos são alugados a terceiros e noutros, construídos galpões para aluguel. “Esses não são retomados. Eu, que estava investindo no local para colocar minha empresa caminhando, fui prejudicado”.

Desabafo
O investidor pederneirense mencionou que grandes áreas de terras às margens da SSP-225, no sentido Pederneiras/Jaú foram doadas há muitos anos para empresas de grande porte e que algumas delas sequer tiveram as obras iniciadas, outras que só agora saem do papel, sendo o caso mais escandaloso o que envolve a Itabom, que em 2007 recebeu gratuitamente uma área de terras com mais de 43 mil m² para colocar em funcionamento uma unidade industrial em Pederneiras. A Itabom, após todos os prazos para construção e funcionamento esgotados, quando a retrocessão deveria ser automática, transferiu a área com anuência a prefeitura para outra empresa, a Granjas Alvorada. “Nesse caso a prefeitura não toma nenhuma providência, é conivente. Mas com os pequenos investidores, faz o que faz. É assim que pensam desenvolver o município?” encerrou.
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