Ele pode ser altamente traiçoeiro. Chega de mãos dadas com o espírito natalino e muitas vezes traz consequências devastadoras às finanças. Trata-se do "efeito euforia", termo utilizado por especialistas para descrever o estado que as pessoas experimentam nesta época do ano, quando só se pensa, fala, vê e pratica o consumo -muitas vezes de forma desenfreada. "É muito difícil não se deixar levar por todo esse 'frisson'", diz o economista Roy Martelanc, professor da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade).
Tudo conspira a favor do impulso consumista. "Além de ter o 13º no bolso, o brasileiro nunca teve tanto crédito disponível e tem recebido ainda mais incentivo para comprar com a redução de IPI para alguns produtos", afirma o professor.
Na onda do "eu mereço", fica fácil encontrar pretextos para entrar em uma loja e deixar boa parte dos rendimentos. "As pessoas compensam um ano inteiro de trabalho e as dificuldades da vida nas compras natalinas", diz o economista Samy Dana, professor da FGV e colunista da Folha. "Não há problema, desde que haja responsabilidade."
Tradicionalmente, outra força que empurra as pessoas para os gastos é o desejo de parecer bem financeiramente diante dos familiares, que muitas vezes só são vistos nas festas de fim de ano. "Ninguém quer passar por pão-duro, todos preferem dar o presente mais caro", diz Martelanc.
Entre os paulistanos entrevistados pelo Datafolha, 28% dos que vão presentear neste Natal planejam gastar mais de R$ 500. Do total de ouvidos, 77% afirmaram que vão fazer compras para amigos e parentes neste fim de ano. "Hoje em dia, ser bem-sucedido é tão imperativo quanto ser jovem e belo", completa o professor da USP.
Assim que o ano virar, já começam a chegar as contas de IPTU e IPVA, além de matrícula, material e uniforme escolares. Portanto, quem quiser ter um feliz Natal e um próspero Ano-Novo de verdade não deve ter medo da calculadora.
QUANDO COMPRAR
Quem compra para o Natal paga mais. No caso de roupas e acessórios, pelo menos 15%. Não gaste agora se não for para presentear.
Se quiser um veículo, espere o ano virar: tradicionalmente, o preço cai cerca de 10% em janeiro.
COMO PAGAR
Opte pelo pagamento à vista sempre que tiver a quantia em mãos e houver desconto. Se não tiver a vantagem, é melhor deixar o dinheiro rendendo até as parcelas vencerem
Pague a prazo apenas quando não tiver o valor na conta e a compra não puder ser adiada. Não sobrecarregue os gastos do mês com novas aquisições.
PARA NÃO TORRAR O 13º
Casais que têm filhos devem gastar apenas 10% dos 13º salários. Os que não têm, até 30%. O restante deve ser separado para impostos, escola e poupança.
Quem tem dívidas deve usar o 13º para quitá-las. Se sobrar, separe a verba para as despesas de início de ano. Só depois adquira os presentes.
(Folha)
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