"Disposição final" era, segundo o ex-ditador Jorge Rafael Videla, a expressão usada pelos militares para referir-se ao assassinato de presos pela ditadura argentina, entre 1976 e 1983. No livro Disposição Final - A confissão de Videla sobre os desaparecidos, do jornalista Ceferino Reato, o ex-general assumiu que o regime matou 7 mil ou 8 mil pessoas.
Para Videla, esse era o preço a ser pago para que a Argentina ganhasse a guerra contra a subversão. No livro, o ex-ditador assegurou que o regime militar fez os restos mortais das vítimas desaparecerem "para não provocar protestos dentro e fora do país." "Tínhamos de fazer algo que não fosse tão evidente (os desaparecimentos) para evitar que a sociedade percebesse", afirmou.
Ele nega que os membros do regime que torturou e assassinou 30 mil civis tenham usado a expressão "solução final", tomada pelos nazistas para designar o Holocausto. Segundo Videla, "disposição final" são palavras militares que significam "retirar de serviço uma roupa que já não se usa". Na obra, o ex-ditador, que está preso há vários anos na cela número 5 da Unidade 34 do Serviço Penitenciário do quartel de Campo de Mayo por crimes contra a humanidade, disse que não se arrepende das mortes.
Videla afirma que era impossível levar milhares de pessoas à Justiça. "E tampouco podiam ser fuziladas", explicou. "Mas eram pessoas que tinham de morrer para que vencêssemos a guerra contra a subversão." O ex-general justificou as mortes: "eram pessoas irrecuperáveis".
(Estadão)
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