O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi denunciado pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) em um procedimento oculto em tramitação
no Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com a PGR, Lula atuou “na compra
do silêncio” do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, a
fim de evitar que ele assinasse acordo de delação premiada com a força-tarefa
da Operação Lava Jato. Os fatos motivaram a prisão, em novembro do ano passado,
do senador Delcídio do Amaral (ex-PT/MS). A prisão foi embasada por uma
gravação apresentada à PGR por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor.
Segundo a procuradoria, o senador ofereceu R$ 50 mil por mês para a família de
Cerveró e mais um plano de fuga para que o ex-diretor deixasse o País. Os
fatos ocorreram em uma reunião na qual estivam presentes Bernardo e Edson
Ribeiro, ex-advogado de Cerveró e Delcídio. A denúncia contra Lula foi
oferecida em um inquérito que já tramitava na Corte contra o senador Delcídio
do Amaral e o banqueiro André Esteves do BTG Pactual, que também foram
denunciados na ocasião. Em depoimento de delação, Delcídio afirmou que Lula, o
pecuarista José Carlos Bumlai e o banqueiro atuaram com interesse de “esconder
fatos ilícitos” que os envolvia. “A partir daí, as investigações ganharam novos
contornos e se constatou que Luiz Inácio Lula da Silva, José Carlos Bumlai e
Mauricio Bumlai [filho do pecuarista] atuaram na compra do silêncio de Nestor
Cerveró para proteger outros interesses, além daqueles inerentes a Delcídio e a
André Esteves”, disse Janot na manifestação em que pediu a inclusão de Lula em
outro inquérito.
(Último Segundo)