Se o desejo de se descolar do PT já era forte no final do ano
passado, o início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff ajudou a
aumentar esse anseio na bancada do PMDB na Câmara. O PMDB faz uma lista de
motivos para justificar a necessidade de um novo tom na relação com o PT e o
governo. Argumentos que agora têm servido de base na sustentação da ideia de
que se o partido deseja disputar a sério a presidência em 2018, precisa adotar
uma nova postura com o Planalto daqui para frente, ou corre o risco de afundar
junto com o governo, em caso de naufrágio. Fora as medidas
impopulares de ajuste que preveem, entre outras coisas, alterações no acesso a
benefícios trabalhistas na direção do equilíbrio fiscal, entre as fileiras
peemedebistas há uma lista de outras queixas. As intervenções do Planalto na
disputa pela Mesa Diretora, cujos frutos do ressentimento ainda não foram
colhidos, o sentimento anti-PT e uma reforma ministerial que agradou a poucos
no PMDB são citados. Além disso, diante da falta de diálogo e perda de sintonia
entre os aliados, o PMDB considera que o governo o trata como adversário. Nem
mesmo o vice-presidente Michel Temer tem sido um canal adequado para reatar a
relação. Mesmo no Senado, onde o governo e o PMDB aparentemente vivem uma relação
estável, os primeiros focos de insatisfação já apareceram. Fora o apoio
explícito, por exemplo, de Romero Jucá (PMDB-RR) a Aécio Neves (PSDB) na
disputa presidencial, quatro senadores recusaram-se a apoiar a candidatura de
Renan Calheiros (PMDB-AL) para a disputa da presidência da Casa, como queria o
Planalto. Além do próprio Luiz Henrique (PMDB), que disputou o cargo com apoio
da oposição, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Waldemir Moka (PMDB-MS) e Dário Berger
(PMDB-SC) se recusaram a rezar a cartilha do Planalto e votaram contra
Renan.
(IG)