27 novembro 2014

Estupro na USP é culpa da negligência da faculdade com trote, diz especialista

Com raízes históricas profundas, com as primeiras referências que datam do ano de 397 a.C, na Grécia Antiga, os trotes universitários ganharam mais notoriedade com a criação das primeiras universidades na Europa, ainda na Idade Média. No Brasil, eles chegaram por volta do século 19, quando os filhos da elite que cruzavam o Oceano Atlântico, onde iam completar os estudos nas universidades europeias, voltavam com a prática na bagagem. Os trotes se popularizaram por aqui, onde encontraram terreno fértil. A primeira vítima fatal foi um estudante da faculdade de Direito de Olinda (PE), em 1831, mas de lá para cá, outras tantas morreram. De acordo com o sociólogo Antônio Ribeiro de Almeida Junior, professor de Mídia e Ambiente na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), e autor de três livros sobre o tema, entre dois e três estudantes brasileiros morrem por ano em decorrência de trotes violentos. Em um dos casos de maior repercussão do histórico universitário nacional, o calouro Edison Tsung Chi Hsueh, então com 22 anos, foi encontrado morto na piscina da Faculdade de Medicina da USP. O caso aconteceu em 1999, mas passados 15 anos, a faculdade voltou a ganhar espaço no noticiário, com as denúncias de abusos sexuais, homofobia e racismo contra calouros em trotes e festas promovidos pelos estudantes dentro do campus. Os casos de abuso sexual estão sendo investigados pelo Ministério Público Estadual e pela Polícia Civil paulista. Para Almeida Junior, a conivência da faculdade com relação ao trotes leva a violências maiores como agressões físicas, estupros e até mortes. Ele diz que prática trotista, apesar de antiga, não tem a ver com a tradição universitária. O motivo da existência é a perpetuação da estrutura de poder entre os estudantes e até direção da universidade. O professor diz que os grupos adeptos da prática são minoria, mas organizados em uma estrutura de disciplina militar, na qual a lei do silêncio ajuda a mascarar os abusos e abafar os verdadeiros culpados, que têm o respaldo de professores, diretores e até mesmo reitores das universidades para agir.
(Último Segundo)
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