05 novembro 2012

Enem aponta para mudança estrutural do ensino médio


O debate liderado pelo governo federal para reformular o ensino médio parece ter sido refletido no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012. É nesse sentido a avaliação de Joel Pontin, coordenador da disciplina transdisciplinar “aprender a conhecer” do Cursinho da Poli, voltada para o Enem. “Eu diria que foi uma prova-mensagem, no sentindo do que vai ser a nova escola”, aposta o professor também de química.
O educador acredita que mudanças farão com que escolas tenham que repensar metodologicamente o dia-a-dia. Nesse sentido, a nova escola tem como desafio ser mais do que uma fornecedora de um empilhamento de informações ao longo da vida escolar do estudante para se tornar uma mediadora de construção de repertório capaz de auxiliar o estudante a fazer análises e conexões – uma das principais críticas ao ensino médio é o excesso de disciplinas obrigatórias e a falta de relações entre elas.
“Essas habilidades vieram com muita força em 2012 e não parece ter sido à toa”, comenta Joel. O especialista cita como exemplo a prova de Ciências da Natureza, aplicada no primeiro dia, que se mostrou mais interessada em avaliar o hábito saudável da leitura e a capacidade do aluno em fazer relações. No bloco temático, temas pautados pela Rio+20 deste ano como água, solo, reciclagem, energia e biocombustíveis foram amplamente explorados. “Tinha pistas no enunciado, se o aluno está antenado, conseguiu resolver as questões. Por outro lado, estudantes mais tradicionais, conteudistas e os que gostam de fórmulas devem ter achado a prova difícil ou inadequada”, arrisca.
Bruno Zanardo/Fotoarena
Prova do Enem estimulou capacidade do aluno fazer relações
Na opinião do professor Joel Pontin, outra possível tendência do exame, apresentada ainda de forma mais tímida, foi o papel da escola como formador de cidadãos conscientes. A professora de redação da Poli, Vanessa Mesquita Dutra, acredita que o tema da prova deste ano, “Movimento imigratório para o Brasil no século 21”, seja um indício dessa tendência. Para ela, o tema demandava certa capacidade dos candidatos de entender e aceitar a diversidade – o respeito aos direitos humanos era uma das exigências da prova. “Se o estudante tem um olhar preconceituoso, isso será evidenciado na redação. É difícil defender uma argumentação que você não acredita. A redação irá evidenciar o que você é no mundo”.
(IG)
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