04 julho 2021

Enredo: CPI e Brasil real reforçam figurinhas repetidas no álbum da política do país

O Brasil acha que é muito "Black Mirror", mas está enredado irremediavelmente é com "O Bem Amado", de Dias Gomes. E também com Machado de Assis, Euclides da Cunha, Nelson Rodrigues. Somente nos últimos dias, os acontecimentos da arena política envolveram um servidor público honesto, um (provável) jagunço assassinado, uma (possível) ex-mulher delatora, um empresário suspeito e um superpedido de impeachment assinado por juristas e políticos de variadas origens e gerações. É bem verdade que pintou também uma trinca que só o Brasil atual poderia oferecer: o policial militar vendedor de vacina que, por intermédio de um reverendo, tenta fazer negócios com militares – essa é a versão que Luiz Paulo Dominghetti, que diz ser representante da Davati Medical Supply, levou à CPI da Pandemia na quinta-feira (1). Um plot twist que autor de ficção nenhum alcançaria com sua imaginação.Mas mesmo protagonistas que podem parecer caracteres contemporâneos, remetem, no conjunto da obra, a uma sensação de filme repetido. “A aparente modernidade que o Brasil vive está em constante conflito com a persistência de uma sociedade atrasada. E não à toa esse imaginário cultural é retratado na arte com frequência. É porque ele tem um grau de veracidade”, diz Christian Lynch, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

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