19 maio 2017

TEMER: Nunca houve um presidente tão vulgar

   Michel Temer, agora investigado pelo STF por crimes cometidos no mandato, jurou raivoso que não vai renunciar mas deve estar vivendo suas últimas horas no cargo.  Seu navio furado vem sendo abandonado às pressas pela tripulação oportunista que nele embarcou com o golpe. Temer vai sair pela portas dos fundos, vai sair como um gatuno vulgar que, por muitos anos,  disfarçou-se de político habilidoso.  Muito se dirá sobre os 12 meses tenebrosos em que ele governou o Brasil impondo o programa derrotado nas urnas de 2014, após conspirar para a derrubada da presidente com a qual se elegeu vice. Muito se dirá também sobre sua queda ruidosa, após cair numa arapuca armada para pegar passarinho incauto. O arrogante é sempre incauto, julga-se inalcançável em sua esperteza.  Mas, antes que ele vire cachorro morto, quando até os bajuladores que teve durante seu reinado tenebroso irão espancá-lo (coisa que, aliás, já estão fazendo, vide o Jornal Nacional desta noite), quero destacar uma característica que nenhum outro governante brasileiro exibiu de forma tão acintosa: a vulgaridade no poder.
    A vulgaridade na política se manifesta quando alguém exerce o poder sem cultura e sem preparo intelectual para o cargo e, também, em sua forma mais grave, quando um governante o exerce sem condições morais para tanto, sem enfrentar dilemas e limites éticos, o que em algum momento acaba levando à queda no abismo, como acontece agora com Temer. Como já aconteceu, ao longo da História, com imperadores e tiranos que se distinguiram pela vulgaridade. 
    Não falemos da vulgaridade intelectual de Temer, de sua incultura, de sua abordagem superficial e rasa das questões mais relevantes ou graves. Sem pisar na norma culta da Língua, como fazia Lula despertando as iras da imprensa e de adversários lustrosos, como os tucanos, Temer passou um ano dizendo platitudes e besteiras que não incomodaram os que o ajudaram a chegar lá, além de mentir descaradamente sobre feitos de seu governo, contrariando os números e a realidade.
    Fico em sua vulgaridade moral, que só não viu quem não quis, muito antes destas revelações sobre seu encontro com Joesley Batista.
(Trecho extraído da coluna de Tereza Cruvinel)
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