Em delação
premiada, o ex-executivo da Odebrecht Rogério Araújo afirmou que o presidente
Michel Temer participou de uma reunião que “abençoou” o pagamento de propina da
Odebrecht para o PMDB. A história foi revelada por VEJA em dezembro do ano
passado. O operador João Augusto Henriques e o ex-deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) pediram 4% de propina da construtora de um projeto da Diretoria
Internacional da Petrobras, controlada pelo partido. No total, foram pagos 40
milhões de dólares em propina. Os valores altos causaram espanto na Odebrecht,
que exigiu a presença da cúpula do partido como garantia. A exigência foi
aceita, e Cunha e Henriques marcaram um encontro com Rogério Araújo e
ex-diretor da construtora Marcio Faria no dia 14 de julho de 2010, em uma
casa na Praça Pan-americana, em São Paulo. De acordo com Araújo, chegando lá
eles foram encaminhados para a sala de reunião e encontraram o então
vice-presidente Michel Temer, então presidente do PMDB, sentado na cabeceira da
mesa. Além de Temer e Cunha, participou da reunião o ex-ministro Henrique
Eduardo Alves. De acordo com Araújo, a reunião foi comandada por Cunha, que em
nenhum momento citou o pagamento de propina. Segundo ele, o ex-presidente da
Câmara falou que estava acompanhando de perto a licitação do projeto PAC-SMS e
que a Odebrecht estava bem posicionada. E que gostaria de contar com o apoio da
empresa ao PMDB. Araújo afirmou que entendeu o recado de Cunha e afirmou que a
empresa assumiria todos os compromissos assumidos, ou seja, o pagamento de 4%
de propina para o partido. De acordo com o delator, Temer assentiu falando que
ficava feliz e que a Odebrecht era uma grande empresa preparada para trabalhar
no exterior. “Fica subentendido que a cúpula estava abençoando o projeto”,
afirmou Rogério Araújo em depoimento à força-tarefa da Lava-Jato. As
investigações contra Temer foram suspensas pelo ministro Edson Fachin já que
presidente da República não pode ser investigado por fatos anteriores ao
exercício do mandato. Na mesma obra, serão investigados o senador Humberto
Costa (PT-PE) e o ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT) que dividiram 1% da
propina que cabia do PT no esquema.
(veja.com)