O dia 29 de outubro é o Dia Mundial da Psoríase, uma data importante
para conscientizar e alertar as pessoas sobre a doença. Segundo a dermatologista
Dra. Claudia Marçal, da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia
Americana de Dermatologia, a psoríase é uma doença autoimune, não transmissível
e que causa lesão na pele com descamações e vermelhidão. Estima-se que cerca de
2% da população mundial sofra com a doença.
O que acontece?
Os sintomas da psoríase são lesões na pele, descamações e vermelhidões.
"A psoríase é uma inflamação — onde os anticorpos começam a bombardear
(agredir) os queratinócitos (célula produtora de queratina - proteína morta que
reveste e forma o estrato córneo). Em resposta a essa agressão, os
queratinócitos começam a se proliferar, multiplicando-se de maneira muito mais
rápida e não ocorre o processo natural de descamação, por isso existe a
formação das crostas", explica a dermatologista. Então, acontece
inicialmente a lesão inflamatória, pela dilatação dos vasos sanguíneos levando
a uma mácula, uma mancha vermelha. "Existe o processo inflamatório, que
leva à formação das crostas, que na verdade são escamas prateadas. E
posteriormente, ainda em uma fase mais importante, há o orvalho sangrento que
ocorre com a remoção das crostas, as escamas, e ocorre um processo de
micropontos de sangramento no local", comenta.
Quais as causas?
"Sempre digo para os meus pacientes que é uma doença autoimune,
onde existe uma pré-disposição, na grande maioria das vezes, hereditária. Pode
estar relacionada ao histórico familiar, não só da psoríase em outros membros
da família, mas outras doenças autoimunes como artrite reumatoide, tireoidite
de Hashimoto, vitiligo, ou seja, existe uma pré-disposição pessoal ou
familiar", diz a dermatologista. Ela acrescenta que, no entanto, alguns
gatilhos acionam o quadro agudo da doença, como fatores ambientais e
principalmente o estresse (principal deles).
Cura
"Quando nós dizemos para o paciente que não tem cura é que, na
verdade, contra a genética nós não brigamos, nós controlamos. A psoríase não é
uma doença com cura, mas nós conseguimos controlar esse paciente 100% em
relação a sua manifestação clínica", explica.
Principais tratamentos
Em relação aos tratamentos, existem graus de avaliação no guideline da
psoríase — chamado de PASI (Psoriasis Area and Severity Index).
"Dependendo do acometimento, da porção em termos de percentual e de áreas
que são mais nobres, nós temos um score. E é isso que vai determinar o
tratamento do paciente, que pode ser só local com hidratação, uso de
corticoides ou de substâncias que na verdade são à base de Vitamina D; os
biológicos injetáveis; e as medicações via oral, em que temos algumas que
tratam a psoríase. E isso, claro, o dermatologista deve avaliar em relação ao
score e a clínica do paciente assim como seu histórico familiar e
pessoal", explica. Opções terapêuticas como a Fototerapia, terapia sistêmica convencional e
terapia biológica são tratamentos mais recentes. Mas tudo depende do grau das
inflamações, segundo a médica. "Nos casos leves: hidratar a pele, aplicar
medicamentos tópicos apenas na região das lesões e exposição diária ao sol são
suficientes para melhorar o quadro clínico e promover o desaparecimento dos
sintomas", explica a Dra. Claudia Marçal. Quanto aos casos moderados, quando apenas as medidas acima não
melhorarem os sintomas, o tratamento com exposição à luz ultravioleta A,
PUVAterapia, faz-se necessário. "Esta modalidade terapêutica utiliza
combinação de medicamentos que aumentam a sensibilidade da pele à luz, os
psoralenos (P), com a luz ultravioleta A (UVA), geralmente em uma câmara
emissora da luz. A sessão da PUVAterapia demora poucos minutos e a dose de UVA
é aumentada gradualmente, dependendo do tipo de pele e da resposta individual
de cada paciente ao tratamento. O tratamento também pode ser feito com UVB de banda larga ou estreita,
com menores efeitos adversos, podendo inclusive ser indicado para gestantes. A
fototerapia pode ser a PUVAterapia associada ou não a drogas, a medicação via
oral, ou UV Narrowband que é a de banda estreita que hoje é o mais aceito,
sendo inclusive utilizado justamente em crianças e em gestantes", explica.
Já em casos graves, a dermatologista comenta que é necessário iniciar
tratamentos com medicação via oral ou injetáveis.