Cientistas sabem há algum tempo que o luto pode se manifestar não só
emocionalmente, mas também fisicamente. Em exames realizados pela Universidade
da Califórnia em Los Angeles, a Ucla, pesquisadores mostraram que a parte do
cérebro que lida com a dor física - o córtex cingulado anterior - também
processa a dor emocional. Sensações ruins relacionadas ao peito são tema
recorrente. "Tenho alguns pacientes que, após um episódio emocional
estressante, sentem dor no coração ou palpitações", afirma Alex Lyon,
professor do Imperial College London, de Londres, e cardiologista consultor
honorário no Royal Brompton Hospital. Esses são os sintomas da "síndrome
do coração partido", ou cardiopatia de Takotsubo, algo que geralmente
ocorre após um "significante estresse emocional ou físico", segundo
descrição da Fundação Britânica para o Coração (BHF, na sigla em inglês). Acredita-se
que esse mal afete cem a cada 1 milhão de pessoas por ano. Nele, o músculo do
coração fica fraco de repente, e uma das câmaras do órgão muda de forma. Um
estudo do Imperial College London sugere que isso se trata, na verdade, de um
mecanismo de defesa do coração ao se deparar com a onda muito forte de
adrenalina que costuma acompanhar situações de choque e luto. A perda de alguém
próximo também pode deixar uma pessoa mais vulnerável a infecções. Um estudo da
Universidade de Birmingham, no Reino Unido, descobriu que aqueles que viveram
recentemente um quadro de luto, especialmente idosos, podem passar por um
processo de redução das funções dos neutrófilos - a parte mais abundante dos
glóbulos brancos do sangue, responsáveis por combater bactérias como a da
pneumonia. Isso talvez ajude a explicar alguns dos muito noticiados casos de
casais de idosos que morrem praticamente juntos.
(globo.com)