O jornal A Tribuna de
Pederneiras, edição do último dia 6, traz em uma de suas colunas um comentário
que chama atenção. “Falem o que quiser. Mas o prefeito tem mostrado ´culhão` e
feito o possível pela cidade”, referindo-se à ida de Camargo (PSB) até o governo do Estado, solicitar
recursos para “amenizar os prejuízos da cidade e na área rural”, causados pela
chuva do fatídico 12 de janeiro.
Culhão, cabe
esclarecer, é definido como testículo. Mas a
palavra é também utilizada no sentido de tomar decisões, engolir sapos. Mesmo que a gente não se dê conta, somos diariamente
confrontados por nossas bolas, e não me refiro a meras questões sexuais.
É algo muito mais complexo do que aparenta. Diz-se que não se trata apenas de mijar em pé
ou de ser capaz de feitos heroicos como matar baratas. Tony Montana, bradava que “o mundo
é daqueles que têm culhões”. O que nos torna homens de fato - é bom não esquecer -, não é nossa macheza ou virilidade. Muito ao contrário disso, é a coragem nos momentos de
adversidade.
Mas
o prefeito não tem apenas “culhão” para encontrar o governador e pleitear
recursos, mesmo possuindo o município de Pederneiras um orçamento anual acima de R$
100 milhões. O “culhão” o levou, ao longo do mandato de prefeito, a muitas decisões
estranhas, equivocadas, desagradáveis, autoritárias e até por vezes veementemente rechaçadas, algumas das quais mencionamos como exemplo:
Teve “culhão” quando “nomeou” em 2013 um caminhão de voluntários para,
logo em seguida, encaixá-los em cargos de confiança, esvaziando o voluntariado “de
araque”; teve também quando criou uma leva de cargos comissionados, logo em
seguida declarados inconstitucionais pelo Tribunal de Justiça; teve “culhão" antes ainda, enquanto candidato, quando anunciou a inauguração de uma UPA até
hoje entregue às baratas; teve mais uma vez quando usou um jornal local para
auto-promoção, levando o MP a recomendá-lo que cessasse o abuso; teve novamente
quando praticou nepotismo, concedendo gratificação de 60% sobre o salário a uma
parente um linha reta, entre 2014 e 2015.
Mas
o “culhão” do prefeito não parou por ai. Ele surgiu também quando o alcaide
anunciou antecipadamente a vitória da Auto Viação Jauense na licitação para a
concessão do transporte coletivo municipal; embora tenha recuado depois,
Camargo teve “culhão” ao retirar o passe-livre dos idosos no transporte
coletivo; teve de novo quando anunciou, em sua campanha, a internet
gratuita que até então ninguém sabe, ninguém viu; teve “culhão” quando criou
ilegalmente um Conselho da Cidade, tombado por um mandado de segurança; demonstra
ter “culhão” ao permitir o desperdício
de recursos federais na estrutura construída e abandonada na prainha; tem para
demorar em isentar do IPTU as vítimas
das mesmas águas que o levaram semana passada à audiência com o governador;
também e igualmente o tem para permitir o desserviço que é praticado no transporte intermunicipal
dos estudantes pederneirenses.
Para
não alongar demais, fiquemos por aqui. Afinal, “culhão” é o que não falta na
administração que ai está. Que tal tê-lo para trocar o certo pelo duvidoso sem
pestanejar, quando tem que ser feito ou porque deve ser feito? Que tal ter “culhão”
de não fingir, de encarar as coisas quando e como devem ser encaradas, ao invés de
esquivar-se, empurrando para terceiros a responsabilidade que é sua? Finalmente, que tal ter "culhão" para reconhecer equívocos, erros e falhas, e corrigi-los?
Reginaldo Monteiro