23 novembro 2015

OPINIÃO: Resistir e combater

O prefeito de Pederneiras, Daniel Camargo (PSB), propôs e os vereadores governistas aprovaram na semana passada, projeto de lei complementar instituindo uma espécie de plano de carreira travestido de estrutura organizacional da procuradoria do Município, com melhoria substancial nos vencimentos dos procuradores, atribuindo-lhes gratificações. É evidente que isso vai aumentar despesa e causar impacto orçamentário, embora o executivo tenha tergiversado a respeito em sua mensagem ao legislativo.
Talvez a intenção até fosse compensar esses profissionais pela crescente demanda das secretarias e demais setores da administração local. Em que pese outras questões que possam ser aventadas, a pergunta que se tenta responder é: seria esse o momento mais adequado para fazê-lo?
Para relembrar, aos servidores municipais foi concedido minguado reajuste salarial de apenas 3% para este ano. E o argumento para tão pouco ia sempre em direção ao “estamos em crise”. Camargo deslizou feio por ocasião de uma declaração sua, tentando convencer a população que o reajuste havia sido de 5% (jornal Pedra de Fogo, edição de 25 de abril). Não se sabe de que cartola ele tirou esse coelho. Coisa feia!
A administração de Camargo vem ensaiando implantar um banco de horas sem amparo legal, porque ausente a obrigatória convenção ou acordo coletivo. Caso isso valesse – e vai cair -, as horas extras não seriam pagas em dinheiro, mas em descanso, num momento em que dinheiro é o que mais se precisa. Por conta disso, horas extras de um número considerável de funcionários foram, à revelia deles, confiscadas pelo tal banco que repito, ilegal na sua formalização.
Esqueceram de alertar o prefeito, de que o banco de horas só teria validade a partir do momento de sua pactuação com a categoria e não poderia retroagir. O que significa que as horas extras cumpridas antes do pacto não poderiam ser computadas no sistema e, portanto, tinham que ser pagas.
Há informações dando conta de que, ao transferir parte do transporte dos alunos da rede municipal de ensino para a Viação Jauense como foi imposto, Camargo pode ter eliminado o ganho mensal em horas extras de motoristas e/ou monitores da prefeitura, que antes executavam o serviço.
E assim o fenômeno do tira de quem tem menos para dar a quem tem mais vai se acentuando, se revelando cada vez mais escancarado. Um amaranhado de secretarias para um exército de gente não concursada, que exerce dezenas de cargos de confiança que Camargo sequer cogita racionalizar de verdade em nome do “estamos em crise”.
É necessário que haja resistência por parte da população e dos servidores prejudicados pela série de medidas que vem sendo adotadas pela administração, impondo que caminhem para trás. Todo tipo de tirania deve ser combatida, para que dê origem a um movimento de inconformismo e de mudança.
Afinal, o que vivenciamos é crise financeira ou crise de vergonha?

Reginaldo Monteiro
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