Era para ser um dia letivo normal para alunos de uma pequena
cidade do Sudão do Sul, país da região central da África. Mas enquanto os cerca
de 100 estudantes de 13 anos assistiam à aula, homens armados invadiram o
local e sequestraram o grupo. Uma das crianças que conseguiu escapar
contou ter ficado paralisada com a ação. O relato, divulgado pela BBC em
outubro de 2014, não foi um testemunho atípico no país. No último domingo (22),
por exemplo, um grupo armado invadiu outro colégio sul-sudanês e sequestrou
outras 89 crianças, de acordo com a ONU. O crime ocorreu perto de Malakal,
cidade sob o controle do governo e que tem sido palco de intensos combates
entre forças rebeldes e o Exército após acusações mútuas de violar acordo de
paz firmado em 2014. "As crianças-soldado do país têm, normalmente,
entre 11 e 17 anos. A maioria são rapazes, mas há relatos de garotas
também que, mesmo não entrando diretamente nas batalhas, desempenham
outras funções de apoio à guerra como escudos humanos ou na prostituição",
explica Daniela Nascimento, especialista em Sudão do Sul da Faculdade de
Economia da Universidade de Coimbra.
(IG)