Moliére,
o grande gênio da dramaturgia mundial (1645-1678) tinha uma querela com os
médicos. Dizia ele que a Medicina não era ciência, pois sendo interpretação de
sintomas e fatos era uma Arte. Arte era o conceito de medicina nos tempos
gregos, também. A Medicina estava ligada à Musica, à Harmonia. A Revolução
Industrial com as descobertas científicas é que veio a colocar a Medicina como
ciência. Se é ciência ou arte é uma longa discussão, mas a pergunta que
faço é: você confia no médico que lhe atende? Se ele for de plano de saúde
provavelmente vai lhe atender em 5 minutos e lhe despachar com uma
bateria de exames pedidos. Se for particular vai custar os olhos da cara e vai
lhe despachar do mesmo jeito com uma bateria de exames pedidos e os remédios mais
caros do mercado. Alguns chegam a escrever um R (de registrado) na receita, ou
seja o balconista não pode oferecer o genérico, tem que ser o do laboratório
indicado. Esteja atento. A autoridade médica não é uma dádiva divina. É uma
autoridade que o paciente delega a ele. A verdadeira autoridade é do paciente e
não do médico. Esteja atento, sobretudo, sobre os tratamentos, mais até do que
sobre os diagnósticos. Dignose qualquer pessoa faz. Diagnóstico, em tese e Lei,
apenas os médicos. Mas quantos realmente tem o dom do diagnóstico correto? Porém
é nos tratamentos que a coisa pega. Médico consciencioso, que exerce a Medicina
por amor ao próximo e à profissão, receita remédios que possam ser menos custosos
e mais acessíveis ao bolso e manuseio dos pacientes. Médicos mercenários (e os
há de montes) vão receitar remédios caros e desnecessários. Sabem por quê? Porque
cada vez que você leva sua receita na farmácia fica registrado lá o CRM
do médico, e os laboratórios possuem programas de computador que rastreiam
estes CRMs. O mesmo se dá tanto para medicamentos, quanto para exames pedidos e
cirurgias desnecessárias. É por esses dados que os médicos queridinhos dos
laboratórios, e carrascos do pacientes, ganham passagens, subsídios para
férias, congressos, e mais. Por isso, preste atenção ao médico que lhe atende.
A autoridade dele não vem do jaleco branco, mas da sabedoria e humanidade, do
trato honesto com o paciente, e, como já disse: da autorização do
paciente. Assim como há atores talentosos e os canastrões (que são até
maioria) o mesmo se dá com os médicos. Deixei de fora disso a instável
categoria dos médicos da Saúde Pública, o atendimento é ímpar, varia como as
nuvens.
(Bemvindo Sequeira/R7)