(Editorial do jornal Folha da Terra deste sábado, 7)
Não é novidade. Em municípios de pequeno porte, especialmente, os administradores costumam conduzir programas de rádio pagos com recursos públicos a seu bel prazer. Mas não pode ser assim. O tempo comprado com o dinheiro que é de todos deve ser bem utilizado para a publicidade de atos, programas, projetos, obras e etc. Portanto, o horário contratado passa a ser espaço público submetido a parâmetro de legalidade. A prefeitura de Pederneiras mantém um desses programas semanais de rádio, há anos.
No último sábado de março a prefeita Ivana Camarinha (PV) aproveitou-se daquele espaço para, segundo ela “desabafar”. E o fez sugerindo que a conduta dos servidores que tentaram conversar sobre a proposta de reajuste salarial poderia se transformar em “baixaria”; depois que eles [servidores] teriam sido manipulados por um “grupo”, sem citar a que grupo se referia. Além disso, falou que teve acesso a um “papelzinho” que em seguida preferiu denominar “jornaleco”.
Vemo-nos então, em nome dessa mesma democracia que ela diz defender, levados a esclarecer alguns aspectos quanto a este jornal, ao ”jornaleco”, e à própria prefeita:
O jornal Folha da Terra não possui vínculo de nenhuma espécie com a prefeitura, nem recebe recursos municipais a qualquer título. Tampouco faz oposição à administração ou à prefeita Ivana Camarinha (PV). Apenas mostra aos leitores e para quem comanda a cidade que todo governo, por melhor intencionado que seja, tem falhas e comete erros que precisam ser apontados para serem pensados, corrigidos. O que é noticiado tem base de comprovação.
Democraticamente como deve ser, a FT ouviu sempre o outro lado. Não há cegueira, nem vesguice. Se a matéria traz algo de responsabilidade da prefeitura, a prefeita ou sua assessoria tem exercido o direito ao contraditório. Não jogamos notícias ao vento. E se erramos, reparamos o erro sem pestanejar.
A informação de qualidade só existe se for correta e precisa. Só pode ser notícia o que decorre dos fatos e sua divulgação requer bom senso, disciplina e equilíbrio.
Fidelidade, precisão e compromisso de contar a verdade são fundamentais para se construir credibilidade.
De outro modo, cabe frisar: seja quem for que administre não lhe cabe, por meio de comunicação pago com dinheiro do povo, colocar em dúvida condutas e/ou tentar desqualificar pessoas.
Ammar Awad/Reuters
